DINOMAR MIRANDA DOS SANTOS
Presidente do STM fala sobre IA e processo penal em Congresso em Barcelona
A ministra-presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha, alertou sobre os desafios e caminhos que o uso da inteligência artificial apresenta ao processo penal brasileiro no que diz respeito à preservação de direitos.
Ela foi uma das palestrantes da XX Jornadas Internacionales de Filosofía Política: “Política y Humanidad en la Era de la Inteligencia Artificial”, promovida pela Faculdade de Filosofia da Universidade de Barcelona, na Espanha, encerrado nesta sexta-feira (21) na cidade espanhola.
A magistrada ressaltou que a ausência de disciplina normativa sobre o uso da IA no Brasil é motivo de precaução em relação ao uso da tecnologia no direito penal e processual penal no país, “ramos da ciência jurídica em que a preservação das garantias e dos direitos fundamentais se apresenta como imperativo não passível de exceção”.
Em sua participação no Congresso, Maria Elizabeth citou exemplos de equívocos no reconhecimento facial das minorias, o manuseio de algoritmos tendenciosos no aprendizado da máquina (machine learning), imprimindo padrões inconsistentes ou vagos, e falhas em se estabelecer critérios objetivos para a proteção de dados sensíveis dos cidadãos.
Para a presidente do STM, o momento é de cautela. “Talvez esse seja o caminhar que se deva percorrer. ‘Prudência é saber distinguir as coisas desejáveis das que convém evitar’, recomendam os mais vividos. A ausência de lei disciplinando o emprego da inteligência artificial no Brasil e o desconhecimento sobre os seus limites aconselham irrestrito dever de vigilância aos operadores do Direito”.
A magistrada disse que dados produzidos pelo Conselho Nacional de Justiça estimam que ao menos 62 tribunais brasileiros utilizam inteligência artificial, o que corresponde a 65,95% das Cortes do país. Ela pontuou, no entanto, que as iniciativas estão majoritariamente concentradas em tarefas periféricas e não diretamente ligadas à atividade jurisdicional, à tomada de decisões.
Maria Elizabeth acredita, citando a pesquisadora Fernanda Lage, que a IA “pode ser melhor empregada para solucionar outras questões penais, agindo na criação de um sistema que monitore automaticamente o fim do período de cumprimento de pena do preso, bem como alerte, de forma eficiente, o trâmite sobre os períodos de análise da possibilidade de concessão de certos benefícios de execução penal”.
Magistrados e a IA
A juíza Bárbara Lívio também participou dos debates, ressaltando o potencial da inteligência artificial como ferramenta para o cumprimento dos objetivos estratégicos do Judiciário. Segundo ela, a tecnologia pode contribuir para a eficiência operacional e a agilização dos trâmites judiciais e administrativos.
A magistrada destacou ainda que a Organização dos Estados Americanos (OEA) reconhece a importância de incentivar o uso da IA para fortalecer seus pilares — democracia, desenvolvimento social, segurança e respeito aos direitos humanos —, além da necessidade de estabelecer marcos institucionais de governança que garantam uma aplicação ética, solidária e responsável da tecnologia.
Justiça Militar da União lança versão em inglês de cartilha sobre Proteção Jurídica à Mulher Militar
Durante uma palestra realizada no dia 17 de março, a juíza federal Mariana Aquino apresentou a versão em inglês da cartilha “Conhecendo a Proteção Jurídica à Mulher Militar”.
A palestra ocorreu na primeira edição do Estágio de Prevenção de Exploração, Abuso e Assédio Sexual (PSEAH), no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB).
Este evento marcou uma iniciativa pioneira voltada à capacitação de militares, policiais, civis nacionais e de países parceiros para a implementação das políticas da ONU sobre exploração e abuso sexual, abordando comportamentos proibidos, suas consequências e o impacto da má conduta sexual nas Operações de Manutenção da Paz sob a égide das Nações Unidas.
A palestra foi inteiramente ministrada em inglês.
Com a promulgação da Lei nº 13.491, de 2017, a Justiça Militar da União passou a ter a base jurídica necessária para processar e julgar não apenas os crimes tipificados no Código Penal Militar, mas também aqueles previstos no Código Penal comum.
O objetivo principal da cartilha é divulgar os mecanismos de proteção legal disponíveis para as mulheres nas Forças Armadas, promovendo a igualdade de gênero e reforçando os direitos e garantias individuais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988.
Justiça Militar da União celebra 217 anos com entrega da Ordem do Mérito Judiciário Militar, na quarta-feira (26)
O Superior Tribunal Militar (STM) convida a imprensa para a solenidade em comemoração aos 217 anos da Justiça Militar da União (JMU) e para a outorga das condecorações da Ordem do Mérito Judiciário Militar (OMJM). O evento será realizado no dia 26 de março de 2025 (quarta-feira), às 10h, no Salão de Festas do Clube do Exército, em Brasília.
A cerimônia será presidida pela chanceler da Ordem e presidente do STM, ministra Maria Elizabeth Rocha, reunindo altas autoridades dos Três Poderes, membros das Forças Armadas, magistrados, representantes da sociedade civil e personalidades homenageadas com a mais alta honraria da Justiça Militar.
A Justiça Militar da União é a mais antiga do Brasil, criada em 1º de abril de 1808, por meio de alvará assinado pelo príncipe regente de Portugal, D. João, logo após a chegada da família real ao Brasil. Inspirada nas ordenações militares europeias, a JMU surgiu para garantir a disciplina e a legalidade no âmbito das Forças Armadas, desempenhando um papel crucial na construção da soberania nacional.
Ao longo de mais de dois séculos, a JMU e o STM acompanhou a evolução do país e consolidou sua importância na estrutura do Poder Judiciário, sendo responsável pelo julgamento de crimes militares definidos em lei e assegurando a justiça, a hierarquia e a disciplina no âmbito das Forças Armadas, e, por consequência, a paz social e o estado democrático de direito.
Ordem do Mérito Judiciário Militar (OMJM)
Criada pelo Superior Tribunal Militar em 12 de junho de 1957, a Ordem do Mérito Judiciário Militar (OMJM) é uma honraria concedida a pessoas e instituições que tenham prestado relevantes serviços à Justiça Militar da União e ao Brasil. A comenda reconhece tanto membros da magistratura e das Forças Armadas quanto personalidades da sociedade civil, nacionais e estrangeiras, que contribuíram para o fortalecimento da Justiça Militar e do Estado Democrático de Direito.
A Ordem é concedida em quatro graus, em ordem decrescente de distinção:
Grã-Cruz – Destinada às mais altas autoridades do país, como o presidente da República, os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal, além dos ministros do STM e dos comandantes das Forças Armadas.
Alta Distinção – Concedida a ministros de Estado, governadores, parlamentares, oficiais-generais das Forças Armadas e outras autoridades de alta relevância.
Distinção – Destinada a magistrados, procuradores, promotores, advogados que atuam na Justiça Militar e oficiais das Forças Armadas e das polícias militares.
Bons Serviços – Homenagem a cidadãos civis e militares que tenham prestado serviços de grande valor à Justiça Militar da União.
Homenagens ao último integrante da FEB em Brasília
Um dos homenageados deste ano será o último integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou ao lado das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial, em 1944, o tenente-coronel reformado Nestor da Silva, atualmente com 108 anos de idade.
Além dele, entre dezenas de servidores e autoridades públicas, serão agraciados com a Ordem do Mérito Judiciário Militar (OMJM) o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Antônio Herman Benjamin; o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Aloysio Corrêa da Veiga; o ministro da Educação, Camilo Santana; o ministro da Saúde, Alexandre Rocha Santos Padilha; os senadores Jaques Wagner e Humberto Costa; a senadora Maria Auxiliadora Seabra Rezende; o deputado Rui Goethe da Costa Falcão, entre outras personalidades dos Três Poderes e da sociedade.
Credenciamento para a imprensa
Os veículos de comunicação interessados na cobertura da solenidade devem se credenciar até às 19h do dia 25 de março, junto à Assessoria de Comunicação Social do STM, pelo QR Code abaixo:
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (61) 3313-9670.
Serviço
- Data: 26 de março de 2025 (quarta-feira)
- Local: Salão de Festas do Clube do Exército – Setor de Clubes Sul, 10, Brasília
- Horário: a partir das 10h
STM e Universidade de Sevilha firmam convênio para fortalecer Justiça Militar
O Superior Tribunal Militar (STM) e o Centro de Estudos da América Latina da Universidade de Sevilha, na Espanha, firmaram um convênio nesta semana para promover o intercâmbio acadêmico, científico e cultural, com foco na pesquisa e na troca de conhecimentos voltados para o aprimoramento da Justiça Militar.
A parceria estabelece diretrizes para a cooperação institucional, incentivando o diálogo e o compartilhamento de boas práticas, especialmente na governança judicial no âmbito da Justiça Militar. O convênio, assinado na segunda-feira (19), em Sevilha, insere-se em um movimento mais amplo de valorização e aperfeiçoamento da Justiça Militar, fortalecendo sua presença no cenário jurídico e internacional.
A Universidade de Sevilha, uma das mais tradicionais da Espanha e referência em estudos jurídicos, tem desempenhado um papel essencial no fomento à pesquisa e ao desenvolvimento acadêmico voltado para temas ibero-americanos. Seu Centro de Estudos da América Latina se dedica ao estudo das relações políticas, jurídicas e sociais entre a Espanha e os países latino-americanos, promovendo parcerias estratégicas com instituições de ensino e órgãos públicos.
A expertise da universidade em governança, direito internacional e sistemas judiciais comparados contribuirá significativamente para o aprimoramento das práticas da Justiça Militar brasileira, ampliando sua inserção em debates globais sobre direito e segurança.
Mesa-redonda sobre Justiça Militar
Além da assinatura do acordo, a ministra-presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha, o ministro Odilson Sampaio Benzi e a juíza auxiliar Bárbara Lívio participaram, no mesmo dia, do evento "Justiça Militar: Perspectivas Brasil e Espanha", que reuniu autoridades do Segundo Tribunal Militar da Espanha e professoras da Universidade de Sevilha.
O encontro foi realizado no Ministério da Defesa da Andaluzia e abordou temas estratégicos para a Justiça Militar, destacando a importância da cooperação internacional no fortalecimento das instituições jurídicas e militares.
A iniciativa faz parte do projeto de pesquisa e inovação aplicada “A aportação da Ibero-América na governança de interesses globais”, cofinanciado pela União Europeia, pelo Ministério da Fazenda Espanhol, pela Junta da Andaluzia (Conselharia de Universidades) e outros fundos europeus. O projeto busca promover o intercâmbio de experiências e conhecimentos entre os países ibero-americanos, fortalecendo a governança jurídica e militar no cenário internacional.
Ministra Maria Elizabeth Rocha reforça compromisso no combate ao assédio e discriminação no STM e na JMU
A presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha, realizou sua primeira reunião com os membros da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, Sexual e da Discriminação (COMPREV), órgão que figura entre as prioridades de sua gestão.
O encontro teve como objetivo apresentar os integrantes da comissão, expor os trabalhos já realizados e debater os projetos em andamento e futuros, alinhando as diretrizes da COMPREV à nova administração do Tribunal.
O presidente da COMPREV, juiz federal da Justiça Militar Jorge Luiz de Oliveira, ressaltou o protagonismo da Comissão no âmbito do Poder Judiciário da União. Ele destacou ainda a celebração de parcerias com tribunais estaduais do Piauí, Roraima, Amazonas, Distrito Federal e Territórios, além do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, e do CNJ por meio de termos de cooperação técnica, já formalizados ou em processo de formalização, voltados para a ampliação do uso do programa "Respeito em Jogo", desenvolvido pelo STM.
O aplicativo, criado integralmente pela COMPREV, tem como objetivo conscientizar sobre assédio moral, sexual e discriminação no ambiente de trabalho, utilizando uma abordagem didática e interativa. A ferramenta concorreu ao Prêmio Inovare em 2024 e teve sua versão traduzida para o inglês, sendo apresentada na 14ª Conferência da International Association of Workplace Bullying and Harassment (IAWBH), em Londres.
Durante a reunião, a ministra-presidente demonstrou interesse nas diversas ações educativas da COMPREV, com destaque para a cartilha "Conhecendo a Prevenção e o Combate ao Assédio e à Discriminação na JMU", os simpósios e webinários disponibilizados no site do STM, além do canal institucional de comunicação Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Entre os temas debatidos, esteve o desenvolvimento de protocolos para o atendimento e acolhimento de noticiantes, bem como a formulação do novo protocolo de prevenção ao suicídio, que se encontra em fase final de elaboração.
Nos últimos meses, a comissão tem fortalecido sua atuação externa, firmando parcerias com a Polícia Federal para a implementação de círculos de justiça restaurativa e promovendo eventos culturais com enfoque no combate ao assédio e à discriminação. Uma dessas iniciativas foi a peça teatral encenada por membros da COMPREV e servidores da JMU, que se destacou no Simpósio "O Assédio e a Discriminação de Gênero, Raça e Religião nas Relações de Trabalho", realizado em Campo Grande-MS.
A COMPREV também tem colaborado ativamente com a Diretoria de Pessoal do STM e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em eventos de capacitação. Além disso, conduz o Projeto de Valorização da 1ª Instância, que promove diálogos, palestras e atividades colaborativas nas Auditorias da JMU, abordando temas como assédio, discriminação, liderança e comunicação não violenta.
A presidente do STM reafirmou seu apoio incondicional às ações da COMPREV e ressaltou a importância de parcerias institucionais para ampliar o alcance das iniciativas. Como parte desse esforço, colocou à disposição da rede de apoio à Comissão as juízas auxiliares da Presidência, Bárbara Lívio e Amini Haddad Campos, com o objetivo de fortalecer a interlocução com o CNJ.
Entre os projetos prioritários para a nova gestão estão a continuidade do Programa de Valorização da 1ª Instância, a realização da Semana de Combate e Prevenção ao Assédio, prevista para maio, e a ampliação das ações de combate ao assédio e à discriminação no âmbito das Forças Armadas. Além disso, a ministra Maria Elizabeth Rocha solicitou o desenvolvimento da campanha "Assédio Zero" na JMU, que será amplamente divulgada nas redes sociais e nos canais institucionais do STM.
STM nega Habeas Corpus e reafirma inaplicabilidade do Acordo de Não Persecução Penal
O Superior Tribunal Militar (STM) negou um pedido de Habeas Corpus impetrado em favor de um soldado do Exército condenado com trânsito em julgado na Justiça Militar da União. A defesa do militar pleiteava a concessão do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), sob a alegação de que o Ministério Público Militar (MPM) não teria oferecido o benefício ao acusado durante a tramitação da ação penal.
O soldado foi condenado pelo Conselho Permanente de Justiça para o Exército da 2ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar, em Bagé (RS), em setembro de 2021, pelo crime de peculato-furto, sendo sentenciado a três anos de reclusão em regime aberto. A defesa recorreu por meio de apelação, mas o STM negou o recurso em outubro de 2022, culminando no trânsito em julgado da decisão em 11 de fevereiro de 2023.
Desde setembro de 2024, o ex-militar cumpre pena em regime de prisão domiciliar simples, benefício concedido a todos os presos em regime aberto na jurisdição da Vara de Execução Criminal Regional de Pelotas (RS).
Foi nesse contexto que a defesa requereu ao STM a aplicação do ANPP. Na petição, os advogados argumentaram que, por ser réu primário e ter confessado o crime ainda na fase de investigação, o acusado deveria ter recebido a proposta do acordo, conforme prevê a legislação. Sustentaram ainda que a não oferta do benefício pelo MPM configuraria nulidade absoluta do processo.
No entanto, o STM rejeitou os argumentos e reafirmou seu entendimento de que o ANPP não se aplica à Justiça Militar da União (JMU).
O caso foi relatado pelo ministro Péricles Aurélio Lima de Queiroz, que indeferiu o pedido liminar de suspensão da pena e, no mérito, denegou a ordem de Habeas Corpus. Em sua fundamentação, o Tribunal reforçou a impossibilidade de aplicação do ANPP no âmbito da JMU.
Desde a entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, que instituiu o ANPP, o STM tem decidido reiteradamente que esse mecanismo não pode ser utilizado na Justiça Militar. Em 2022, a Corte aprovou a Súmula 18, consolidando o entendimento de que o artigo 28-A do Código de Processo Penal (CPP) não se aplica à JMU. Em 2024, essa posição foi reforçada pelo julgamento do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR), que fixou a tese de que tanto o ANPP quanto o "sursis" processual previsto na Lei nº 9.099/1995 são inaplicáveis nos processos militares.
Na ocasião, o Pleno do STM decidiu que o CPP só pode ser aplicado subsidiariamente na Justiça Militar quando houver omissão no Código de Processo Penal Militar (CPPM) e desde que essa aplicação não contrarie a essência do processo castrense. Além disso, destacou que a própria Lei nº 13.964/2019, ao introduzir o ANPP no CPP, não o incluiu no CPPM, o que demonstra um "silêncio eloquente" do legislador ao excluir sua aplicabilidade à Justiça Militar.
Por fim, o Tribunal ressaltou que a justificativa do projeto de lei que originou a Lei nº 13.964/2019 excluiu expressamente os crimes militares do rol de infrações passíveis de negociação penal, reforçando a impossibilidade da concessão do ANPP em casos como o do ex-soldado.
Habeas Corpus Criminal Nº 7000698-54.2024.7.00.0000/RS
RELATOR: Ministro PÉRICLES AURÉLIO LIMA DE QUEIROZ
Morre, aos 87 anos, o ex-Juiz Auditor Corregedor da JMU Carlos Augusto de Moraes Rego
Morreu na manhã desta quarta-feira (13), aos 87 anos, o Juiz Auditor Corregedor aposentado da Justiça Militar da União (JMU) Carlos Augusto de Moraes Rego.
O velório será realizado no sábado (15), das 9h às 11h, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. O sepultamento ocorrerá às 11h30. Ainda não há confirmação sobre o número da capela.
Natural do Rio de Janeiro, nasceu em 1º de março de 1938 e ingressou na magistratura da Justiça Militar da União em 18 de agosto de 1972.
Ao longo de mais de três décadas de atuação, destacou-se na condução de julgamentos de grande relevância no âmbito da Justiça Militar. Em 12 de janeiro de 2000, em reconhecimento à sua competência, foi nomeado Juiz Auditor Corregedor, cargo que exerceu até sua aposentadoria, em 25 de fevereiro de 2008.
Reconhecido por ministros, juízes e servidores da JMU pela atuação diligente e pelo compromisso com os princípios da magistratura, Moraes Rego deixa um legado de ética e dedicação ao Direito Militar e à Justiça Militar brasileira.
Em nome do Superior Tribunal Militar (STM), a presidente da Corte, Ministra Maria Elizabeth Rocha, manifestou pesar pela perda:
"A Justiça Militar da União lamenta profundamente o falecimento do Dr. Carlos Augusto de Moraes Rego, magistrado cuja trajetória foi marcada pela competência e retidão. Sua contribuição ao Judiciário Militar permanecerá como referência. Aos familiares e amigos, expressamos nossa solidariedade neste momento de luto."
Carlos Augusto de Moraes Rego deixa três filhos: Guilherme Augusto, Fernando Augusto e Gustavo Augusto.
CNJ e STM promovem encontro nacional para fortalecer proteção às mulheres e equidade de gênero
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Superior Tribunal Militar (STM) promoveram, nesta quinta-feira (13), o Encontro Nacional da Alta Gestão do Sistema de Justiça e da Segurança Pública para a Proteção das Mulheres e Igualdade de Gênero.
Realizado no auditório do STM, em Brasília, o evento reuniu lideranças do sistema de Justiça e representantes de políticas públicas voltadas às mulheres. O objetivo foi promover o diálogo institucional, firmar compromissos e propor ações concretas para fortalecer a proteção às mulheres, combater a violência de gênero e ampliar a participação feminina nas instituições.
Relatos inspiradores e iniciativas de proteção
Um dos momentos mais marcantes do encontro foi o depoimento da coronel Ana Paula, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que compartilhou sua trajetória na corporação. Ela ingressou na instituição aos 19 anos, em um período de restrições à progressão de carreira feminina.
Após recorrer à Justiça, conseguiu ascender profissionalmente e, hoje, é referência na PMDF. Durante sua fala, apresentou iniciativas como o Projeto PROVID, que atua na proteção de mulheres vítimas de violência, e o COPOM Mulher, que agiliza o atendimento a essas vítimas.
A secretária de Justiça do Distrito Federal, Marcela Passamani, destacou a necessidade de fortalecer a independência emocional das mulheres e garantir sua presença em espaços de liderança. Primeira mulher a ocupar esse cargo no DF, Passamani ressaltou que a equidade de gênero na gestão pública é essencial para o equilíbrio social. Já o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, enfatizou a importância de mudanças na cobertura da imprensa sobre crimes contra mulheres.
Ele alertou que a maioria das agressões ocorre dentro de casa, fora do alcance das forças de segurança, e defendeu o fim da mentalidade de que "em briga de marido e mulher não se mete a colher". Avelar apresentou programas inovadores premiados pelo CNJ, como o dispositivo Viva Flor, que auxilia na proteção de vítimas de violência doméstica.
A conselheira do CNJ, Renata Gil, reforçou o compromisso do órgão com a equidade de gênero e a implementação de políticas públicas eficazes para garantir a proteção integral das mulheres.
No encerramento do evento, a presidente do STM, ministra Maria Elizabeth Rocha, destacou a necessidade de uma atuação conjunta entre os órgãos estatais para o enfrentamento da violência de gênero, além da importância de um fluxo de comunicação eficiente entre as instituições para assegurar a efetividade das medidas protetivas.
A ministra também anunciou a implementação de três ações estratégicas: a promoção da cultura de paz e o combate ao assédio moral e sexual, ao discurso de ódio e ao racismo; a criação de um protocolo de atendimento para magistradas, servidoras e terceirizadas vítimas de violência doméstica e no ambiente de trabalho; além da efetivação das políticas de paridade de gênero estabelecidas pelo CNJ, garantindo a equidade na ocupação de cargos de liderança.
O evento reafirmou o compromisso das instituições com a proteção das mulheres e a promoção da igualdade de gênero, consolidando esforços para construir uma sociedade mais justa e segura.
Ministra Maria Elizabeth Rocha toma posse como presidente do Superior Tribunal Militar
A ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha foi empossada, nesta quarta-feira (12), como presidente do Superior Tribunal Militar (STM) para o biênio 2025-2027. A magistrada ocupa uma das cinco cadeiras destinadas a civis na Corte e faz história ao se tornar a primeira mulher a assumir a presidência do tribunal em seus 217 anos de existência.
A eleição para o cargo ocorreu em dezembro de 2024. Atualmente, Maria Elizabeth Rocha é a única magistrada entre os 15 integrantes do STM, que conta com cinco ministros civis e dez ministros militares – sendo quatro generais do Exército, três almirantes da Marinha e três brigadeiros da Aeronáutica.
A cerimônia de posse foi realizada na Sala Martins Pena, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília (DF), e contou com a presença de cerca de mil convidados. Na ocasião, também tomou posse o tenente-brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo, que assume o cargo de vice-presidente e corregedor da Justiça Militar da União.
Mineira de Belo Horizonte, Maria Elizabeth Rocha já ocupou a vice-presidência do STM entre 2013 e 2015. Durante esse período, exerceu interinamente a presidência da Corte por nove meses, após a aposentadoria compulsória do então presidente, ministro Raymundo Nonato de Cerqueira Filho. Antes de ingressar no STM, atuou como procuradora federal e trabalhou no Congresso Nacional, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e na Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República.
A solenidade contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso; o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre; e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Mota. Também prestigiaram o evento ministros do STF, como Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Dias Toffoli; o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; o ministro da Defesa, José Múcio; e o ex-presidente José Sarney.
Discurso de posse
Em seu discurso, a ministra destacou seu compromisso com a luta pela igualdade de gênero.
"Sou feminista e me orgulho de ser mulher! A Constituição de 1988 nos emancipou, graças ao esforço de um grupo reduzido, mas combativo, de parlamentares eleitas em 1986, que garantiram a inclusão de direitos fundamentais para as mulheres. Agora, cabe a nós ressignificar nosso papel nas estruturas sociais", afirmou.
Ela também ressaltou a desigualdade de gênero no Brasil, citando o Índice Global de Disparidade de Gênero de 2024, que coloca o país na 70ª posição.
"Infelizmente, o Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo. Essa realidade reflete as mazelas de um Estado que ainda enfrenta discriminações e preconceitos arraigados em uma estrutura patrimonialista e patriarcal", disse.
A ministra enfatizou a necessidade de avanços para que o país supere desigualdades e discriminações.
"Apesar dos progressos legais, ainda há um longo caminho para a construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária. O ideal civilizatório é viver em um ambiente onde os talentos sejam reconhecidos sem estereótipos ou preconceitos sobre o papel de cada indivíduo na comunidade política", concluiu.
Leia a íntegra do discurso de posse.
Assista à íntegra do evento, transmitido ao vivo pelo Youtube
Superior Tribunal Militar é o novo integrante da Rede de Equidade
O Superior Tribunal Militar agora integra a Rede Equidade e reforça seu compromisso com promoção da diversidade e inclusão na administração pública.
A Rede Equidade, formada por instituições públicas, nasceu com o propósito de compartilhar boas práticas e implementar ações conjuntas no tema inclusão, equidade e diversidade, com foco em gênero e raça.
O Acordo de Cooperação Técnica passou a vigorar neste mês e a corte castrense se soma a mais de 33 órgãos, tais como o Senado Federal, o Tribunal de Contas da União e o Conselho Nacional de Justiça.
Instituída em março de 2022, a Rede tem por missão promover a Diversidade, Equidade e Inclusão na gestão pública, com abordagem interseccional, visando contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
A integridade, a cooperação institucional, diálogo, confiança, sustentabilidade, democracia e justiça social compõem os valores da Rede e impulsionam as conexões na administração pública.